14 de janeiro de 2011

Final - não - feliz .


O rosto dela fazia a pergunta que eu era incapaz de responder:

“O que você faz aqui?!”

Desviei o olhar. “Não sei”, disse. “Sei que precisava vir”.

Ficamos cara a cara mais uma vez. Fingimos cortar o silêncio com uma faca. E me perguntei quem seria a primeira a dizer que deveríamos deixar ir. Não achava as palavras, não conseguia achar um jeito de deixar tudo menos doloroso. Fizemos a nossa parte, mas estávamos fingindo. Não escondi as lágrimas:

“Sabemos que a nossa história está acabando...”, respirei. “Mesmo com você aqui, parece que estamos a um milhão de milhas distantes.”

Ela olhou para as mãos, e por um longo tempo ficamos em silêncio.

“Podemos tentar superar isso.” Ela, finalmente, disse.

Hesitei, tentando pensar no que dizer e não disse nada. Ela fechou os olhos, como se reunindo forças para continuar. Relembrei nosso primeiro encontro e a forma como passávamos horas olhando as estrelas.

“Sabemos que a nossa música já tocou...”, parei. Olhei para Paula e abracei-a, sentindo o calor de seu corpo. “Sabemos – com certeza – que é a hora de fechar essa porta.”

Odiei aquilo. Não queria dizer a ela aquelas palavras. Quando eu não conseguia mais encontrar as palavras, me afastei. Virei-me e caminhei em direção ao carro. Olhei-a atentamente pela última vez e parti.